terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Infância


Recebi essa foto cuja lembrança, de veras, passara longe de minha memória. Mas a sensação foi agradável ao me deparar comigo mesmo dezenove anos depois...aí contava com dez aninhos de idade junto de meus coleguinhas de turma fazendo trabalho de biologia. Agora, no túnel do tempo, me olhando de lá dos dez anos para esse futuro de 29 anos o qual me encontro nesse momento, fico n'um jogo de percepção do antes e depois tentando imaginar para aonde irei daqui para diante...

Me lembro que nessa época eu odiava estudar, mas gostava de ler. Dá compreender o paradoxo? Não suportava a escola e as disciplinas, mas sempre que passava um andarilho daquele antigo "Círculo do Livro" eu dava um jeito de pedir para a minha mãe adquirir um exemplar para mim.

Teve um desses livros que muito me marcou cujo título não me recordo, mas que tratava da luta social dos profetas. Foi ali em um livro de literatura que eu fui alfabetizado no ambiente materno de minha casa. Quando fui para escola já sabia ler, mas a escola nunca pareceu saber aproveitar o meu potencial lúdico e minha hiperatividade [eu era muito bagunceiro porque a escola não atendia a minha demanda]. 

Quase vinte anos se passaram e agora já estou prestes a ingressar na cadeira de magistério em Filosofia pelo Governo do Estado do Rio. Sim, quiçá esse ano ainda tornar-me-ei professor. Me sinto meio estranho quando percebo que aquela criança hiperativa ainda sobrevive em mim e que por todas as faculdades que passou, em todas, e, inclusive Filosofia, deu trabalho para as administrações. Serei um exemplar professor em nível de rebeldia? Que é ser rebelde? Qual a necessidade desse tipo de pessoa? São eles - os rebeldes - aqueles que trazem a chama da transformação para uma sociedade? Sou eu um revolucionário? É esse o embate desse momento que travo comigo me vendo no tempo...lá e aqui ao mesmo tempo.

Poderá Jean Carlos Luz vir a ser o melhor educador de todos os tempo que essa pátria já possa ter concebido? Será ele o primeiro Filósofo desse país? 

Continuo, como antes, com minhas fantasias. Aquela criança se tornou um adulto mas se esqueceu de crescer...

2 comentários:

jholland disse...

Olá Jean Carlos,
Obrigado por sua colaboração no Blog Diacrianos.
Desculpe não ter respondido antes, estava viajando.
Seria possível vc detalhar seu argumento ? Não tenho certeza, mas creio que o Viveiros tem uma leitura pós-estruturalista do Levi-Strauss e uma abordagem não tão distante da Fenomenologia. Estarei errado ?
Caso seu texto seja longo, posso publicá-lo sob a forma de postagem.
Abraços !

Jean Carlos Luz disse...

"[...]mas creio que o Viveiros tem uma leitura pós-estruturalista do Levi-Strauss e uma abordagem não tão distante da Fenomenologia. Estarei errado?" Não consigo dizer se certo ou errado, mas que estranhei o comentário do Viveiros, que eu havia citado na postagem anterior, porque a fenomenologia do Husserl ainda passa longe de ter sido explorada como deveria e na política, só para dar um exemplo, essa teoria ainda não tem experiência marcada. Geertz se utilizou desse referencial para interpretar a cultura como totalidade simbólica. O paradoxo da cultura como símbolo é que se mostra ao mesmo tempo ideal e material. Um símbolo é de domínio intelectual quando se trata do sentido que ele configura, mas é igualmente material quando se fala da filtragem desse símbolo pelos sentidos. Apreendemos aos mesmo tempo pelo intelecto e pelos sentidos. Quanto ao pós-estruturalismo citado por você [esse termo para mim é novo, sou estudante de Filosofia e ainda não ouvi essa terminologia ou mesmo li nos textos dessa área] se estiveres pensando por exemplo em Deleuze, Foucault... eu preciso pensar um pouco em qual seria a relação de Husserl com Estrauss e exatamente aonde os pensamentos podem encontrar um vetor em comum. Do que já encontrei de Deleuze, que pode aproximá-lo da fenomenologia, são os textos que ele escreveu sobre Kant, mas não se esqueça que a fenomenologia de Kant é uma, de Hegel outra e Husserl distinta das duas. Assim, fiquei um pouco confuso na hora de compreender a pergunta...segundo qual fenomenologia o pós-estruturalismo dialoga e quais são os autores dessa linha de pensamento?